Grândola. Perdi a conta ao número de quilómetros que carrego no corpo. Dou por mim a pensar nisso... Hoje não há carruagem 23. Mas os bilhetes foram vendidos como se houvesse. O revisor parece uma barata tonta a tentar encaixar toda a gente que pagou para se sentar. Nota-se que está chateado. Talvez contasse com um dia como os outros. À minha frente senta-se uma miúda demasiado vestida para quem está num sítio fechado. É daquelas pessoas que usam gorro para a neve dentro de quatro paredes... Ao meu lado, atravessando o corredor, um rapaz que lê um livro de bolso com letras pequeninas. Ao mesmo tempo, vai trincando um Kit Kat. O tempo demora a passar. Fico com fome e saco do meu lanche: tarte de maçã e iogurte banana/morango. Lembro-me de como não gosto de iogurtes de banana. Iogurtes de gajo, costumo dizer. Os de coco também, já agora. Mas com morango já vai... Uma senhora conta aos companheiros de viagem que já foi à Croácia, a "Zabreg"! Viajo mentalmente até lá. Messines. Do Kit Kat o rapaz passa para um pacote de batatas fritas. E eu farta de cá estar. Uma senhora descuida-se ao tirar uma mala da prateleira superior e mostra a barriga, revelando um umbigo simplesmente horrível... De volta a Murakami. Li, ao todo, oitenta e cinco páginas. Olho pela janela e o céu é diferente. Tem mais cores. Cheguei.
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